A tecnologia de “predictive text” consiste na capacidade dos telemóveis “aprenderem” através do contínuo registo das palavras mais usadas pelo utilizador. Desta forma, tendo em conta a frequência e a data de uso, estes teclados inteligentes elaboram sugestões de palavras para completar aquilo que o utilizador tiver escrito. Esta tecnologia elabora assim uma assimilação total de tudo o que o indivíduo escreve no telemóvel: mensagens, pesquisas de internet, emails, notas, publicações em redes sociais etc, ainda que estes sejam apagados sendo portanto, algo extremamente particular e pessoal.  A máquina, através de um algoritmo regista assim a linguagem do seu utilizador, inclusivamente os erros, abreviações, palavras “inventadas” etc.. Atendendo ao facto de que a linguagem é uma parte fundamental da identidade humana, estes conjuntos de palavras sugeridas, revelam o que são padrões individuais.

 

O projecto Self-patterns trata-se portanto de uma exploração deste software inteligente para expôr a forma de comunicação individual e simultaneamente, uma investigação do que é a forma como cada pessoa escreve e das suas palavras mais utilizadas quer direcionadas a outros (em emails, mensagens, publicações de redes sociais etc.), como mais privadas (notas, pesquisas etc.). Cada indivíduo possui o seu próprio “keyboard”, e ao utilizar apenas as palavras sugeridas por esta tecnologia, cria poemas através da sua própria linguagem. Apesar de ter uma percentagem de aleatoriedade, este processo, por ser constituído de um algoritmo específico para cada utilizador, não é feito pelo acaso e  cria uma revelação do “eu” individual, pessoal, manifestamente próprio.

Este projecto teve como principais referências a exposição P0es1s, nomeadamente o ensaio Poetry Chat, de Friedrich W. Block